Curadoria Camila Netto e Guilherme Brandão

Estranheza Íntima é marcada pela singularidade expelida pelo próprio organismo, a qual se origina na intimidade de um corpo que não pode ser aprisionado ou compreendido apenas pela delimitação da epiderme. A intimidade somente é compartilhada e explorada através da experiência mundana que se transfigura por meio de cada poética em uma face da carne, apropriando-se dos desvios presentes no percurso, expresso pela fuga da normatividade que envolve o pensamento da figuração corpórea.

“É necessário preservar o avesso […] preservar aquilo que ninguém vê. (…) Pois entre músculos, órgãos e veias existe um lugar só seu, isolado e único.” (Jeferson Tenório, 2020, p. 61).

Compreendemos o íntimo partindo da perspectiva da corporeidade como base para a percepção de mundo. O contato com o estranho ou o desconhecido promove uma condição de afastamento do que nos é intrínseco, logo, a estranheza relativa à intimidade chega a ser contraditória. Entretanto, o encontro de todes esses artistas corrobora numa nova concepção para essa expressão — Estranheza Íntima. O termo engloba a representatividade do íntimo, do pessoal e do interior de cada artista para propor uma oportunidade de aproximação ao outro, ao estranho, tornando-o familiar e íntimo, entendendo a pessoalidade por meio da representação poética que foge à normatividade, adentrando um imagético específico. 

A princípio, a estranheza é natural e faz parte do contato inicial com o desconhecido, assim, percebemos a capacidade relacional entre os artistas Brida Abajur, Fernanda Azou, Loreni Schenkel, Lua Kixelô Cavalcante, Manu Dib e Ricardo Caldeira, de colocar o espectador em conexão com sua intimidade poética e instigar a intersubjetividade nesse momento de aproximação com aquilo que é inquietante e, ao mesmo tempo, comum a si e ao outro.

Galeria A Pilastra

Brasília - DF

 22/02/2024 a 16/03/2024