SUPERFÍCIE SENSÍVEL, 2023
Exposição Coletiva
Cris Akanni
Pamella Wylla
Rayza de Mina
Curadoria Gisele Lima
Superfície Sensível apresenta trabalhos em pintura das artistas Cris Akanni, Pamella Wylla e Rayza de Mina sob curadoria de Gisele Lima. A mostra abre o ciclo de exposições e ações que compõem o programa de manutenção da A Pilastra enquanto grupo de pesquisa curatorial e educacional em arte. A programação do projeto prevê a ocupação do espaço de março a agosto de 2023, com três mostras inéditas e ações de mediação do novíssimo educativo chamado Quintal Pilastra. Este programa educativo foi desenvolvido sob coordenação da artista e arte educadora Lua Cavalcante, e consultoria de Luciana Meireles e seus ensinamentos griôs.
A Pilastra, desde o seu fundamento, tem como objetivo ser alicerce e sustentação para artistas, pesquisadores, pensadores em arte independentes, periféricos, pretos, lgbtqiap+, dentre outras formas de existir com diferentes corpos e corpas, marcadores sociais e minorias que fogem ao status quo. Logo, como eixo principal desta pesquisa coletiva temos os indivíduos e as suas narrativas como principal motor para a investigação poética e artística.
Caminhamos no sentido daquilo que chamamos decolonial, ou ainda, das outras histórias que seguem urgentes de serem contadas. Não apenas ditas e escutadas, mas registradas, aplaudidas, debatidas e repetidas inúmeras vezes. Com isso, ao final do projeto lançaremos uma publicação digital gratuita e acessível com todos os textos, entrevistas, resultados e comentários críticos do projeto.
“O nosso cabelo, como a nossa pele, é uma superfície altamente sensível em que definições concorrentes de “belo” são apresentadas em luta.” (MERCER, Kobena. p.87)
Falar sobre o cabelo e a pele negra como lugar de embate social, estético, simbólico e político não é nem um assunto novo, muito menos esgotado. Como grande exemplo temos essa mostra onde os mesmos se tornam grandes protagonistas. No entanto, o trecho do texto Black Hair/Políticas de estilo, de Kobena Mercer citado acima me pareceu um gancho perfeito para mergulhar na complexidade que é pensar essa superfície altamente sensível. Não apenas pele e cabelo, mas também o plano da tela. Suporte escolhido por Cris Akanni, Pamella Wyla e Rayza de Mina para desenvolverem suas pinturas e retratos, que são construções de subjetividade, identidade e reconfigurações históricas.
Nossas experiências no mundo são influenciadas por diversos fatores, sócio-econômicos, culturais, familiares, etc. Quando falamos das vivências e histórias de vida do povo afro-diaspórico e suas descendências é indiscutível como as narrativas, elementos, dores e sabores se repetem através da história em diferentes territórios. História esta que vem sendo resgatada. São poucos os anos nos quais as subjetividades e identidades negras têm ganho força e poder enquanto narrativas de indivíduos, e não grandes masterizações e pagamentos de apenas mais uma classificatória populacional, o negro.
São memórias de infância, o portão da casa da avó, a parede descascada da esquina da rua onde brincava, a cesta de frutas de uma tarde qualquer, aquele dia em que me olhei no espelho e enxerguei em mim tantas outras, ou ainda, o ritual de trançar os cabelos e como nele encontrei o verdadeiro significado de mulheridade e pertencer. As artistas contam histórias, relatam causos, resgatam fragmentos de um dia-a-dia que é comum a tantas outras meninas da Ceilândia, São Sebastião, Maranhão e do Brasil à fora.
Um convite à reflexão sobre esta superfície altamente sentimental, afetiva, histórica e pictórica.
Galeria A Pilastra
Brasília - DF
01/03/2023 - 20/04/2023